sábado, 15 de setembro de 2012

Eu preferia não ter visto. Não precisava mesmo ter meu coração palpitando desse jeito, não de novo. Era você naquela foto beijando aquela garota linda de cabelos esvoaçantes ao vento. Você pertencia a ela e isso ficava claro na foto, pra todos verem. Você estava feliz e isso sim acabou comigo. Não o fato de você estar feliz, mas o fato dela ser o motivo da sua felicidade. Enquanto você estava com aquela outra, eu sentia que você não fazia questão de estar ali. Mas agora não, parecia que você não queria estar em nenhum outro lugar do mundo, com nenhuma outra pessoa. E eu senti inveja dela. Porque nem eu nem a outra conseguimos isso de você, nunca conseguimos que você fosse completamente nosso, que você nos entregasse seu coração, mas agora a foto mostra claramente que ele já está totalmente nas mãos dela. Eu só espero que ela cuide dele como eu cuidaria, que ela aproveite muito tudo o que eu lutei tanto pra conseguir e nunca obtive sucesso.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Na verdade eu não esperava que você se importasse. E pra ser sincera, isso é uma mentira. Eu esperava sim. Eu esperava que você reconhecesse o grito de socorro nas minhas palavras não ditas e no meu silêncio tão incomum. Eu queria que você visse sem eu precisar falar. Eu queria que você se importasse. Que se preocupasse ou pelo menos parasse um pouquinho as quinhentas atividades do seu dia pra ter pena da pobrezinha que está perdida na vida de novo. Porque eu sempre fui isso pra você, a dramática com crises existenciais regulares, mas mal sabe você que eu só queria atenção. De preferência, a sua atenção, que nunca foi completamente minha. Não precisava saber que você e o resto do mundo pouco se importam. Você podia ter me enganado, eu não me importaria não... Poderia ter perguntando o que tinha acontecido e enquanto eu fazia uma lista completa e minuciosa de todo o que eu estava sentindo, você poderia fazer expressões de entendimento nas horas certas, mesmo sabendo que sua alma não estava ali, como eu reparei tantas vezes... Doeria menos, comparar você ao resto do mundo sempre me magoa. Porque você sempre esteve tão acima de todos eles, mas talvez... não seja assim...
Parei pra pensar e percebi que eu só escrevo textos tristes. Mas histórias felizes a gente não precisa escrever. A gente só precisa sentir. E nem mesmos as palavras seriam capazes de descrever. O que precisamos escrever são as dores, as decepções e desilusões, quando os únicos consolos que temos são as palavras. O que precisamos escrever é o vazio no peito, o nó na garganta, o sonho que acabou, o mundo que desmorou, o choro que rola por dentro, o choro explícito, a lágrima que cai, a que ficou presa, o desespero, o grito contido, a raiva engolida, o aperto no peito, a saudade que ficou, a traição, a mágoa, a culpa, o arrependimento... Tudo a gente escreve, e escrevemos no fundo com o desejo de parar de sentir.
E ela saia para fugir do vazio. Ela se arrumava, colocava o cabelo pra um lado, se maquiava e ao olhar no espelho via quem ela queria ser e não era. Esperava que a pessoa no espelho fosse capaz de fazê-la esquecer por uma noite daquilo que ela sentia falta todos os dias. E foi no meio de todos, no meio da noite, no meio de tudo que ela percebeu que o vazio continuava lá, ela sentiu pela primeira vez o que era estar sozinha mesmo estando rodeada de pessoas. E olhou pra cima e não viu sentido em mais nada, não entendeu porque estava mais ali, não sabia como se mantivera entorpecida por tanto tempo. De repente tudo soava demais, tudo soava falso, tudo fazia parte de um ambiente que ela não fazia parte. Ela era a única que se sentia um peixe fora dágua não importa o lugar que fosse. Pelo simples motivo dela pertencer a tudo, mas não fazer parte de lugar algum. Ela não era suficiente, ela não se sentia assim... Era como se sempre estivesse esperando mais daquilo que era oferecia. Ela não tinha o sorriso mais bonito, Não sabia dançar perfeitamente e nem tinha um rosto que poderia ser capa de revista, mas ela tinha um coração que sinceramente já estava desacreditado de tudo. Ela não tinha mais esperança, ela não tinha respostas, ela simplesmente entendeu que não se pode fugir do que levamos por dentro.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Sentei no chão, cruzei minhas pernas e com o resto mais sereno do mundo eu comecei. Pedaço por pedaço ia estralhaçando o papel como se pudesse cortar você em pedaços, com um prazer oculto de finalmente estar cortando você da minha vida. Enquanto os pequenos pedaços iam se acumulando no chão, ia relembrando momentos e muitas das palavras que você me disse que na verdade não passaram de mais uma decepção. Momentos que você fez questão de estragar. Agora você não é mais nada. Você vai ser só papel reciclado. Tomara que alguém o utilize para algo útil, pra pelo menos, uma vez na vida, você poder dizer que disse verdades.
Queria muito te ligar, meus dedos discavam seu número no celular sem ordens minhas. Eu sentia sua falta, não, na verdade eu não sentia sua falta, eu sentia falta da atenção que você me dava, do carinho que eu recebia. Das mensagens de bom dia, se cuida e sonha comigo. Deus sabe que ainda que tocássemos algumas músicas juntos, não estávamos na mesma sintonia. Ficava evidente pros dois e fingíamos que era algo que resolveríamos depois, com o tempo. Tempo que eu sabia que nunca teríamos. Não é justo com você, não é justo comigo, por que logo depois que você voltar eu vou voltar a perceber o que eu não gostava em você e o que me fez desistir, eu vou começar a implicar com seu jeito de rir de tudo, de querer me avisar de tudo que faz e ficar insatisfeita por tudo e qualquer coisa, vou começar a procurar defeitos em você, como por exemplo o acento que você sempre esquece nas palavras ou a sua mania de falar aquela gíria que eu odeio... Por fim, guardo o telefone e desisto de ligar pra você porque eu sei que você me atenderia.