sábado, 5 de junho de 2010

Eu tinha chegado ao aeroporto uma hora antes do vôo, meia hora antes do necessário e ainda por cima descobri que o vôo atrasaria. Tempo era o que não me faltava.

Estava indo fechar um negócio importantíssimo com uns sócios da minha empresa na França, então pra adiantar abri meu laptop pra rever as pautas da reunião.

Minha bagagem era pouca porque eu só estava indo pra reunião, mas uma moça com uma bagagem enorme chamou minha atenção, porque ela me parecia alguém que eu conhecia...
- Ai meu Deus Claudia?
- Marina?
A surpresa das duas foi tão grande que elas ficaram sem saber o que fazer num primeiro momento. Depois correram e se abraçaram.
- Meu Deus quanto tempo. Não acredito que a gente se encontrou assim.
- Depois de dez anos, e ai o que aconteceu?
Enquanto isso elas só sentem alguém abraçando elas quase esmagando:
- Não acreditoooooooo.
- Ana?
- Meu Deus só pode ser brincadeira!
Reaparamos numa criança perto dela e falamos ao mesmo tempo:
- Seu filho?
- Siiim, parece comigo?
- A sua cara
E todas rimos
- Bom, agora só estava faltando...
- AMIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIGAS
Uma pessoa maluca com uma mochila gigantesca vinha correndo em nossa direção.
- PAULA?
- È piada só pode!!
- Nós quatro juntas? O aeroporto está em perigo.
- Todas caímos na gargalhada.
Num segundo eu estava revisando meu notebook e no outro eu estava com as 4 melhores amigas q eu já tive. O destino tinha reservado uma surpresa muito boa para nós.
- Quanto tempo a gente não se via? 10 anos?
- Vocês se lembram como éramos tão unidas?
- Se lembram de como a gente aprontava?
- Por que nós nos separamos?
- Pois é, a vida faz isso...
Bateu uma tristeza em todas nós, uma nostalgia. Por que todas nós lembramos dos nossos momentos de glória, de quando nós pensavamos que o mundo era nosso, de como nos sentíamos poderosas estando juntas. E depois pensamos em como depois da formatura mesmo prometendo mantermos contato a vida tinha brincado com nosso destino e soprado pra longe.
Mas esse talvez seria um momento único de corrigir isso. Um momento único de relembrar e saber o que cada uam andou fazendo... Não valia a pena desperdiçar...
- E aí o que vocês estão fazendo da vida? Pra onde estão indo? Eu quebrei o silêncio.
- Isso, vamos compensar o tempo perdido. Já que você falou, você começa Marina.
- Bom, eu estou indo para uma reunião com meus sócios na França.
- UUUUUUIIII - Todas falaram ao mesmo tempo.
- Então, virei diretora da empresa que eu estagiei na faculdade.
- Aeeee, e o coração?
- Livre e solto, Paula. Huahauahaua. Ana e você? Nos conte sobre esse menininho lindo.
- Bom, é meu filho. Ele tem 4 anos; Eu estou levando ele à Disney pela primeira vez.
- Owwn - todas disseram
- O pai dele não pode vir, teve que resolver uns assuntos do trabalho.
- E você não trabalha?
- Não, só cuido do meu bebê. Agora vc Cláudia! O que você vai fazer.
- Bom, na verdade eu estou voltando pra casa. Casei e estou morando nos Estados Unidos.
- Jura?
- Claro. Quando quiserem passar umas férias lá. Fiquem a vontade.
- Você sabe que isso é um convite que a Paula não recusa né?
- Mas é pra não recusar mesmo; A gente tem muito mais coisa pra conversar. Vamos marcar nas minhas férias, ai nós podemos sair.
- Partiiiiiu.
- Agora por último mas, não menos importante... Paula, nos diga o porque dessa mochila tão grande.
- Simples. Eu vou numa Eurotrip com meu namorado.
- Não me diga que ainda é o Felipe?
- Sim, esse mesmo.
- Então quando rola o casamento?
- Casar? Quem falou eu casar? Se melhorar estraga.
- Ai Paula, voce não mudou nada heein, Aliás nenhuma de vocês mudou.
Ao ouvir tantos destinos diferentes é impossível não imaginar o quanto a vida é feita de surpresas. Quem iria imaginar que 4 garotas sonhadoras seriam essas 4 mulheres com personalidades e vidas completamente diferentes. O futuro é mesmo algo que ninguém controla. Sem pedir licensa ele muda nossa vida e depois convida a rir ou chorar.
Nosso tempo juntas já estava acabando, mas valeu cada minuto. Ninguém saberia se nós iríamos voltar a nós falar ou se não iríamos ter notícia da outra por mais 10 anos. O importante é curtir o presente...
- Paula, Juízo heein. Não faça nada que eu não faria.
- Xii, Então acho que eu já fiz há muito tempo Ana.
- Manda um beijo pro Mickey Mouse Ana.
- Pode deixar Claudia, to esperando ter notícias do seu bebê em breve também viu.
- Não garanto nada, Ana.
- Marina, aproveite a França! A capital do amor.
- Isso ae, agarre logo o seu "jean"
- Ih, gente se eu agarrar meu sócio no negócio eu já fico satisfeita;
- Qual é Marina, esquece o profissional um pouco. Viva la vida loka!
Todas rimos por um tempo que pareceu a eternidade. Depois cada um seguiu o caminho do seu portão e partiu rumo ao desconhecido chamado futuro.
Todo casamento de amiga é assim... Você relembra toda a sua juventude. Você relembra os sonhos que teve, aqueles que ficaram no tempo e os que se realizaram. Sentimentos totalmente diferentes se escondem entre vestidos longos, saltos altos e flores.

No casamento da sua melhor amiga então, os sentimentos envolvidos são duas vezes maiores, porque todos os sonhos foram compartilhados com você e hoje finalmente você vai ocupar seu lugar no altar junto com ela vendo ela se juntar ao homem que ama. Você participou de cada escolha: desde o local até a cor das flores, você já viu o vestido, já sabe os detalhes...

Você se senta numa mesa com seu vestido longo e de paete e o ambiente calmo antes dos convidados chegarem facilita seu fluxo de pensamentos... E mesmo bloqueando o dia para pensamentos ruins você não pode deixar de pensar que a sua vida não deu tão certo quanto você pensava que daria no ensino Médio. Sua amiga encontrou o amor da vida dela e deu certo... Mas você nunca esqueceu aquele namoradinho, o único que deixou marcas abertas no seu coração...

No casamento da sua melhor amiga, a maioria dos convidados você conhece, porque tambem foram seus amigos. E você reve todos, comenta de como mudaram, ou como não mudaram, recebe elogios...

E a cerimônia começa...
E você está de pé no altar quando você avista a última pessoa que pensaria que viria no casamento. O amor da sua juventude, o homem que um dia te fez sonhar e que foi o mesmo que destruíu esses sonhos.

Mas você está no altar, então deixa toda a onda de pânico e acusações para depois e somente sorri...

Você faz uma força imeensa e se concentra de novo no casamento da sua melhor amiga, e descobre que você está realmente feliz por ela.

Mas tem um olhar que está te atraindo. Como uma imã, e depois de terminada a cerimônia os seus pés inconscientemente levam você a esta pessoa.

Você acha que está tendo um princípio de infarto, mas é só o seu coração acordando depois de tanto tempo adormecido...

- Não pensei que você viria.
- E perder o casamento dela? Perder você como madrinha? Nunca, eu lembro quantas vezes vocês imaginaram isso.
- È verdade...
O silêncio constrangedor sempre induz a palavras mais constrangedoras ainda...
- Alguém já te disse que você está incrível? Voce sempre foi linda e continua como sempre.
- Eh... Obrigada. Você sumiu, nunca mais tive notícias suas. Por onde esteve?
- Eu fui a trabalho para outra cidade. Até que a noiva exigiu minha presença no casamento.
- A noiva exigiu é?
- Vamos nos sentar numa mesa e conversar.
- sim, nós podemos.
E por um momento eu revivi os tempos do ensino Médio. E descobri que para minha surpresa, que a covinha quando ele sorria, que o olhar intenso que me faziam ficar em alfa ainda estavam ali.
Nós rimos um com outro como se não houvesse mais ninguém no mundo e eu fiquei surpresa no quanto eu me diverti...
- Nossa, falando com você, me fez perceber quanta falta você fez na minha vida. Ainda está em tempo de resolver isso.
- Que tal sairmos na próxima semana?
- Por mim tudo bem.
E eu realmente me sentia assim. Um fiozinho de esperança crescia lá no fundo.

Chegou a hora da despedida da noiva para a Lua de Mel, eu como madrinha tinha meus previlégios.
- Amiiiga boa sorte na sua nova vida!
- Me conte da Lua de Mel depois, já sabe. Quando a gente chegar a gente marca aquela festa de pijamas de sempre.
- Claro, já está marcado. Sei que você deve estar querendo saber explicações minhas agora. E isso explica.
Ela me passou uma papel com a letra dela escrita.
- Ai, você me assusta sabia?
- huahaua Eu sei, por isso que eu sou sua melhor amiga.

Fui pra um lugar menos cheio onde eu pudesse ler esse bilhete misterioso.


" Beeest,

Lembra dessa época? Pois é amiga. Hoje é o dia que os meus sonhos se realizaram. Sonhos que você sempre esteve perto, seja pra sonhar, ou pra me acalmar quando eu pensava que nunca daria certo.
A felicidade que eu sinto hoje é indescritível e nada mais justo que dividí-la com você.
Sim, eu fiz questão de fazer com que ele viesse, porque eu sabia que vocês ainda tinha assuntos a resolver.
Hoje eu estou começando uma nova fase da minha vida, também quero que você começe a sua...

Boa Sorte a nós duas e não se esqueça que eu te amo."


Abri minha boca e fechei de novo. Era incrível eu conhecer essa garota quase minha vida toda e ela ainda me surpreender. Olhei pra pessoa de que a carta falava e ele também me olhava pedindo permissão pra se aproximar, e percebi ,que mais uma vez, ela estava certa. Algo poderia acontecer.

As vezes a vida é assim. Ela te leva pra caminhos que você nem espera. Ela te traz de volta pessoas e te leva algumas também. Tudo faz parte de um grande jogo acima de seu entendimento onde você é uma peça de jogo de xadrez e que alguem com uma sabedoria imensa planeja seus movimentos... As vezes também esse senhor de sabedoria suprema, pode ter a ajuda da sua melhor amiga...

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Não acredito que ele tinha me chamado pra sair. Eu ia sair com ele. Com ele. Não importava os amigos dele, eu ia ignorá-los como sempre fiz com todos os garotos que não fossem ele. Eu era apaixonada pelo meu melhor amigo. Nunca escondi isso, nem dele. Mas ele prefere adotar uma posição de quem desconhece, porque ao mesmo tempo que ele não me ama, ele gosta de me ter por perto. Isso é crueldade, mas eu não vejo assim. Sei que isso não me faz bem, mas eu também gosto de ter ele por perto... Os amigos dele eram bonitos, não que eu me interessasse pro algum. Principalmente um em especial com uma carinha de criança e um sorriso lindo. Ele foi o mais simpático comigo e logo me identifiquei com ele. Sempre que as conversas ficavam restritas ao cromossomo y, ele vinha falar comigo. Mas eu não tirava a atenção do meu amigo, eu ficava satisfeita em estar em qualquer lugar em que ele estava. Olhar seu sorriso, seu rosto era como olhar o sol. Ele era o meu sol, dele erradiava calor. Num momento eu e o amigo dele ficamos um pouco mais afastados dos outros. Ele me pegou totalmente de surpresa falando - Eu sei que te conheci hoje, mas eu gostei muito de você. Sei que você e amiga do meu amigo,e sei que se eu vacilar com você ele me quebra, mas por você vale a pena tentar. Você é única, é demais, me dá uma chance? Abri e fechei minha boca de novo. Todo o tempo que eu gostava do meu melhor amigo ninguém nunca tinha sido tão direto assim comigo. Eu gostava desse menino, realmente gostava. Ele me fazia rir e era sincero. Ele era o tipo de garoto que daria certo pra ficar comigo. Mas eu seria certa pra ele? O que eu devia fazer? No mesmo momento na minha mente veio: Esquecer seu melhor amigo. Eu sabia que era isso, mas não sabia se eu estava pronta pra isso. A estrada da vida se bifurcava em dois caminhos agora. Continuar apaixonada pelo meu amigo e implorar qualquer tipo de atenção, esperando algum dia ser notada? Ou enfrentar o desconhecido e ter a chance de finalmente ter uma história só minha? Ter a chance de ser feliz e a chance de ser amada? Pra qualquer um que não tenha vivido uma situação como a minha, a escolha da segunda opções é obvia. Mas, acredite, Não é. Mas eu usei todas as forças que ainda restaram em mim pra conseguir isso. Pra finalmente expulsar todos os laços que me prendiam ao meu amigo. Não fiquei com o amigo dele na frente dele. Não conseguiria, nem me sentiria bem. Mas concordei em sair com ele na outra semana. Enquanto isso minha luta interna de esquecimento poderia acontecer. Eu tinha uma semana pra arrancar todos os vestígios e mágoas de um amor não correspondido. Eu rasgei cartas, eu exclui fotos eu desfiz promessas... Não atendi telefones, chorei noites inteiras, aceitei toda a verdade que por tanto tempo eu me neguei a encarar de frente... Mas depois de uma semana eu estava mais leve... E eu sai com o garoto por quem eu faria de tudo pra me apaixonar, pra me tornar alguém que ele merecesse. E deu certo. Ele foi cada vez ganhando mais espaços dentro do meu coração, espaços que nem eu sabia que estavam disponíveis. E eu fui cada vez mais agradecida por ter tomado a decisão certa. Deus escreve certos por linhas tortas, as vezes sinuosoas, mas se eu não tivesse saído naquele dia, talvez eu nunca teria encontrado ele, talvez eu nunca seria capaz de agora, abraçar meu melhor amigo e saber que ele, finalmente, está no lugar de meu melhor amigo.

terça-feira, 1 de junho de 2010

- Natalia, precisa desse escandalo todo só porque eu fui ajudar uma amiga?
- O problema não é ajudar Bruno, o problema é que é só ela estalar os dedos e você larga qualquer coisa. Se bobear nem por mim você faz isso.
- Amor, eu já te expliquei isso. Eu já conhecia a Bia antes de você, eu e ela passamos por muita coisa, queira você goste disso ou não. Eu nunca vou abandoná-la, assim como eu já te disse milhões de vezes que você é a mulher que eu amo. A primeira pessoa que eu penso de manhã e última, quando eu vou dormir. Eu não conseguiria viver sem você. Te amo, simplesmente assim!
- Acredito, com certeza.
- E você, o quanto me ama?
- Nesse momento nada Bruno, nada. To indo embora.


È incrível como alguns momentos marcam nossa vida, como algumas coisas nunca deveriam ter saído de nossas bocas...

Aquela tarde eu fui pra casa, com raiva. Por mais que eu entendesse que a Bia era amiga dele eu sentia ciúmes do meu namorado. Isso não é pecado.

Chegando em casa eu fiz tudo e qualquer coisa pra tirar o Bruno da minha cabeça, fazer coisa que lembrasse meus tempos de solteira. Coloquei meu CD preferido no último volume e me entreguei a música. Peguei um copo de Coca cola e estava quase terminando de tomar.
Quase não ouvi o telefone tocar:

- Natalia?
Algo dentro de mim acordou, eu tinha certeza que algo muito ruim tinha acontecido.
- Tia Maria?
A voz da Mãe do Bruno diminui drasticamente.
- Natalia, o Bruno sofreu um acidente...
O copo caiu da minha mão e quebrou em mil pedaços, mas nem isso foi capaz de me tirar do meu estado do choque...
O que aconteceu depois eu não sei, eu só me dei conta muito tempo depois que estava no carro da minha mãe a caminho do hospital.
Eu só sei que eu estava rezando, implorando pra que não acontecesse nada com o Bruno.

Chegando no hospital a primeira pessoa que eu vi foi a Bia. Tão chocada e tão fragilizada quanto eu. Naquele momento eu esqueci completamente que ela foi o motivo da briga de antes. Eu a abraçei e naquele momento a nossa dor era igual, nós duas amávamos o garoto que estava lá dentro e nos duas sabíamos que não viveríamos sem ele.
- Bia, Você tem alguma notícia dele?
- Natalia, ele entrou em coma.
O mundo ao meu redor ficou preto naquele momento...

Tudo em mim queria rejeitar a dor, tudo em mim queria dizer que era mentira, mas não era. Então o jeito era encarará-la de frente.
Foi pensando assim que eu entrei no quarto dele.
Ve-lo daquele jeito era impossível segurar minhas lágrimas, veio uma onda de arrpendimento que sobrepujou todo o resto: Qual foi a última coisa que eu disse a ele? Eu dei um fora nele. Eu não disse o quanto o amava, mesmo depois dele ter se declarado pra mim e eu saber que tudo que ele disse era verdade. Tudo por um motivo tão idiota que agora dava vontade de me matar.
Ele não teve a chance de saber tudo o que ele queria ouvir, e era isso que me matava. Eu não ia conseguir viver assim. Então mesmo contrariando todas as regras da medicina eu me abaixei ao nível do ouvido dele e disse:
- Bruno, eu sei que todos os médicos podem dizer que você não pode ouvir nada do que eu digo, mas eu sei que pode. Você me perguntou o quanto eu te amo, e agora eu quero responder. Eu não te amo nada, nada ao que eu possa comparar. Você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, eu nunca ia deixar você ir embora. Você está a cada pensamento que eu tenho no dia. Tudo me faz lembrar de você e me faz desejar que você estivesse comigo. Eu só briguei com você porque eu tenho ciúmes, mas eu sei que você e a Bia tem uma amizade linda, e isso só mostra a pessoa maravilhosa que você é por ser um amigo tão bom. Mas sempre que algo te tira de mim, é inevitável que eu não goste. Olha, eu tinha que ter dido isso quando você perguntou hoje de manhã, e só Deus sabe o quanto eu estou implorando para que não seja tarde demais, porque senão eu vou morrer junto. Me desculpa e eu te peço, volta pra mim. Eu te amo simplesmente, e complicadamente assim. As semanas que passsaram em seguida pareceram um sonho. Ou melhor um pesadelo. Eu não tinha mais vontade pra nada, eu só chorava. Eu dormia e tinha pesadelos onde eu vivia num mundo onde o Bruno não estaria. Minha vida estava um inferno.

Eu estava como um planeta sem órbita. A culpa me consumia e eu não conseguia falar isso pra ninguém, eu nunca precisei tanto de uma amiga e agora eu entendia o quanto o Bruno é sortudo por sempre ter uma amiga como a Bia.

Toda vez que o telefone tocava meu coração pulava: Era ao mesmo tempo medo de ter acontecido algo ruim e esperança dele ter melhorado
Dessa vez não foi diferente, eu atendi com o coração e a voz aos pulos.
- Alô?
- Natalia, o Bruno acordou.
A voz da Bia foi como música para meus ouvidos.
Eu nem pensei duas vezes e peguei o carro e fui direto para o hospital. Só no caminho que eu começei a raciocinar. Por mais que eu quisesse acreditar que ele tinha escutado tudo o que eu disse, lá no fundo eu sentia que as chances eram mínimas. Ele podia ter acordado mas ainda sim, eu duvidava que ele quisesse me ver. Eu fui uma vaca com ele antes do acidente, ele deve estar morrendo de raiva de mim.

Mesmo assim ninguém acreditou nos meus motivos e me obrigaram a entrar no quarto dele. Eu não sabia onde colocar minha cara.
Ele estava acordado, dava pra perceber isso, mas ainda sim eu não consegui encará-lo. Eu fiquei fitando o chão e assim permaneci até chegar na cadeira do lado dele onde eu sentei e continuei a olhar o chão.
Dava pra sentir que ele estava me encarando, mas eu não tinha forças pra levantar o olhar e encontrar o dele. Lágrimas silenciosas começaram a rolar pelo meu rosto e pra minha surpresa ele as pegou.
- Hey, o que houve? Você não é tão tímida assim!
Palavras não conseguiram sair. Só lágrimas saiam e soluços cada vez mais fortes. Ele estava vivo, bem. Era isso que importava. E eu estava tão feliz.
Avançei sobre ele e deu o abraço mais forte que já dei em alguém
- Essa é a Natalia que eu conheço. Minha namorada.
- Eu ainda sou sua namorada? Eu sei que eu fui totalmente ruim com você. Eu sei que a briga foi completamente a toa, eu sei que eu magoei você, sei que não deveria ter dito o que eu falei, mas eu to tão feliz que você tenha acordado, eu não aguentaria que você não estivesse mais comigo. Eu tive tanto medo de ser tarde demais pra dizer...
- Natalia, eu entendi! Eu ouvi o que você disse.
- Você... ouviu?
- Sim! E eu voltei pra você como você pediu.
- Eu te amo tanto Bruno!
- Eu também te amo Natalia, não importa o que acontecer!