terça-feira, 1 de junho de 2010

- Natalia, precisa desse escandalo todo só porque eu fui ajudar uma amiga?
- O problema não é ajudar Bruno, o problema é que é só ela estalar os dedos e você larga qualquer coisa. Se bobear nem por mim você faz isso.
- Amor, eu já te expliquei isso. Eu já conhecia a Bia antes de você, eu e ela passamos por muita coisa, queira você goste disso ou não. Eu nunca vou abandoná-la, assim como eu já te disse milhões de vezes que você é a mulher que eu amo. A primeira pessoa que eu penso de manhã e última, quando eu vou dormir. Eu não conseguiria viver sem você. Te amo, simplesmente assim!
- Acredito, com certeza.
- E você, o quanto me ama?
- Nesse momento nada Bruno, nada. To indo embora.


È incrível como alguns momentos marcam nossa vida, como algumas coisas nunca deveriam ter saído de nossas bocas...

Aquela tarde eu fui pra casa, com raiva. Por mais que eu entendesse que a Bia era amiga dele eu sentia ciúmes do meu namorado. Isso não é pecado.

Chegando em casa eu fiz tudo e qualquer coisa pra tirar o Bruno da minha cabeça, fazer coisa que lembrasse meus tempos de solteira. Coloquei meu CD preferido no último volume e me entreguei a música. Peguei um copo de Coca cola e estava quase terminando de tomar.
Quase não ouvi o telefone tocar:

- Natalia?
Algo dentro de mim acordou, eu tinha certeza que algo muito ruim tinha acontecido.
- Tia Maria?
A voz da Mãe do Bruno diminui drasticamente.
- Natalia, o Bruno sofreu um acidente...
O copo caiu da minha mão e quebrou em mil pedaços, mas nem isso foi capaz de me tirar do meu estado do choque...
O que aconteceu depois eu não sei, eu só me dei conta muito tempo depois que estava no carro da minha mãe a caminho do hospital.
Eu só sei que eu estava rezando, implorando pra que não acontecesse nada com o Bruno.

Chegando no hospital a primeira pessoa que eu vi foi a Bia. Tão chocada e tão fragilizada quanto eu. Naquele momento eu esqueci completamente que ela foi o motivo da briga de antes. Eu a abraçei e naquele momento a nossa dor era igual, nós duas amávamos o garoto que estava lá dentro e nos duas sabíamos que não viveríamos sem ele.
- Bia, Você tem alguma notícia dele?
- Natalia, ele entrou em coma.
O mundo ao meu redor ficou preto naquele momento...

Tudo em mim queria rejeitar a dor, tudo em mim queria dizer que era mentira, mas não era. Então o jeito era encarará-la de frente.
Foi pensando assim que eu entrei no quarto dele.
Ve-lo daquele jeito era impossível segurar minhas lágrimas, veio uma onda de arrpendimento que sobrepujou todo o resto: Qual foi a última coisa que eu disse a ele? Eu dei um fora nele. Eu não disse o quanto o amava, mesmo depois dele ter se declarado pra mim e eu saber que tudo que ele disse era verdade. Tudo por um motivo tão idiota que agora dava vontade de me matar.
Ele não teve a chance de saber tudo o que ele queria ouvir, e era isso que me matava. Eu não ia conseguir viver assim. Então mesmo contrariando todas as regras da medicina eu me abaixei ao nível do ouvido dele e disse:
- Bruno, eu sei que todos os médicos podem dizer que você não pode ouvir nada do que eu digo, mas eu sei que pode. Você me perguntou o quanto eu te amo, e agora eu quero responder. Eu não te amo nada, nada ao que eu possa comparar. Você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, eu nunca ia deixar você ir embora. Você está a cada pensamento que eu tenho no dia. Tudo me faz lembrar de você e me faz desejar que você estivesse comigo. Eu só briguei com você porque eu tenho ciúmes, mas eu sei que você e a Bia tem uma amizade linda, e isso só mostra a pessoa maravilhosa que você é por ser um amigo tão bom. Mas sempre que algo te tira de mim, é inevitável que eu não goste. Olha, eu tinha que ter dido isso quando você perguntou hoje de manhã, e só Deus sabe o quanto eu estou implorando para que não seja tarde demais, porque senão eu vou morrer junto. Me desculpa e eu te peço, volta pra mim. Eu te amo simplesmente, e complicadamente assim. As semanas que passsaram em seguida pareceram um sonho. Ou melhor um pesadelo. Eu não tinha mais vontade pra nada, eu só chorava. Eu dormia e tinha pesadelos onde eu vivia num mundo onde o Bruno não estaria. Minha vida estava um inferno.

Eu estava como um planeta sem órbita. A culpa me consumia e eu não conseguia falar isso pra ninguém, eu nunca precisei tanto de uma amiga e agora eu entendia o quanto o Bruno é sortudo por sempre ter uma amiga como a Bia.

Toda vez que o telefone tocava meu coração pulava: Era ao mesmo tempo medo de ter acontecido algo ruim e esperança dele ter melhorado
Dessa vez não foi diferente, eu atendi com o coração e a voz aos pulos.
- Alô?
- Natalia, o Bruno acordou.
A voz da Bia foi como música para meus ouvidos.
Eu nem pensei duas vezes e peguei o carro e fui direto para o hospital. Só no caminho que eu começei a raciocinar. Por mais que eu quisesse acreditar que ele tinha escutado tudo o que eu disse, lá no fundo eu sentia que as chances eram mínimas. Ele podia ter acordado mas ainda sim, eu duvidava que ele quisesse me ver. Eu fui uma vaca com ele antes do acidente, ele deve estar morrendo de raiva de mim.

Mesmo assim ninguém acreditou nos meus motivos e me obrigaram a entrar no quarto dele. Eu não sabia onde colocar minha cara.
Ele estava acordado, dava pra perceber isso, mas ainda sim eu não consegui encará-lo. Eu fiquei fitando o chão e assim permaneci até chegar na cadeira do lado dele onde eu sentei e continuei a olhar o chão.
Dava pra sentir que ele estava me encarando, mas eu não tinha forças pra levantar o olhar e encontrar o dele. Lágrimas silenciosas começaram a rolar pelo meu rosto e pra minha surpresa ele as pegou.
- Hey, o que houve? Você não é tão tímida assim!
Palavras não conseguiram sair. Só lágrimas saiam e soluços cada vez mais fortes. Ele estava vivo, bem. Era isso que importava. E eu estava tão feliz.
Avançei sobre ele e deu o abraço mais forte que já dei em alguém
- Essa é a Natalia que eu conheço. Minha namorada.
- Eu ainda sou sua namorada? Eu sei que eu fui totalmente ruim com você. Eu sei que a briga foi completamente a toa, eu sei que eu magoei você, sei que não deveria ter dito o que eu falei, mas eu to tão feliz que você tenha acordado, eu não aguentaria que você não estivesse mais comigo. Eu tive tanto medo de ser tarde demais pra dizer...
- Natalia, eu entendi! Eu ouvi o que você disse.
- Você... ouviu?
- Sim! E eu voltei pra você como você pediu.
- Eu te amo tanto Bruno!
- Eu também te amo Natalia, não importa o que acontecer!

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